O ENCONTRO ARTÍSTICO DE JOSÉ MAYER E AGUINALDO SILVA

Foram sete obras de sucesso escritas por Aguinaldo Silva que tiveram José Mayer no elenco, dentre elas, a emblemática Bandidos da Falange que projetou o ator em escala nacional

Aguinaldo Silva é um dos maiores escritores da teledramaturgia brasileira. Nascido em Carpina, cidade na zona da mata pernambucana, começou desde muito cedo a contar histórias. Filho único, passava horas criando histórias para bonecos em suas solitárias brincadeiras de criança. Aos 16 anos, já tinha escrito três obras quando ouviu pela primeira vez que era escritor. Aos 18, jornalista, foi trabalhar no Recife e, alguns anos depois, estava no Rio de Janeiro. Foi trabalhar na noite carioca como repórter policial. Entre fatos do cotidiano, pouco interesse e tempo tinha para novelas. Mas em 1979 foi convidado a ser um dos autores da série “Plantão de Polícia” da Rede Globo de Televisão. De lá para as novelas foi um passo. Aliás, vale dizer que Aguinaldo Silva é o único novelista a escrever exclusivamente para o horário nobre.

Foi em 1983 que a história das emblemáticas parcerias entre Aguinaldo Silva e José Mayer começou. Em Bandidos da Falange, minissérie em 20 capítulos escrita por Aguinaldo Silva com a colaboração de Doc Comparato, José Mayer ganhou seu primeiro personagem de grande expressão. Era o Jorge Fernando.

A narrativa de Bandidos da Falange é ambientada na baixada fluminense e na cidade do Rio de Janeiro e se passa em quatro momentos distintos: em 1975, 1977, 1979 e 1981. Conta a história, da criação à queda, de uma facção criminosa, a Falange Vermelha.

Até então, José Mayer já havia escrito seu nome como ator, produtor e diretor na cena teatral mineira e carioca, mas na televisão havia feito apenas pequenos papeis em séries como Malu Mulher, Caso Verdade e Carga Pesada. Vale lembrar que Mayer atua profissionalmente desde 1968.

Depois de Jorge Fernando, o universo da teledramaturgia se abriu para José Mayer e de lá para cá foram 35 anos de intenso trabalho, inúmeros prêmios e reconhecimento de crítica e público.

Aguinaldo foi o autor com quem mais trabalhei na televisão; foram sete grandes sucessos e isso já seria suficiente para creditar a ele grande parte do reconhecimento artístico que obtive junto ao público. Mas, além disso, aproveito esta oportunidade para expressar minha mais profunda gratidão pela corajosa e veemente defesa que fez a meu favor diante dos fatos ocorridos em 2017, durante a última novela de que participei. Disso não vou me esquecer, jamais! (JOSÉ MAYER)

Foram sete obras de sucesso escritas por Aguinaldo Silva que tiveram José Mayer no elenco: Bandidos da Falange (1983), Partido Alto (1984), Tieta (1989), A Indomada (1997), Senhora do Destino (2004), Fina Estampa (2011) e Império (2014).

Tieta é até hoje um sucesso inigualável, sendo uma das obras mais vistas na Globoplay, plataforma de streaming da Rede Globo. Osnar, personagem de José Mayer em Tieta, marcou época e foi extremamente relevante para a carreira do ator. No processo de preparação, José Mayer encontrou o principal adereço que se tornou característica de seu personagem – o chapéu – com um morador de Mangue Seco, na Bahia. O chapéu, que pertencia a um morador local, foi trocado por Mayer pelo adereço original que compunha o seu figurino. O chapéu, usado e marcado pela história de um cidadão local, o ajudou a compor com mais veracidade este que se tornou um personagem inesquecível no imaginário do brasileiro. Era um sujeito boa praça de Santana do Agreste, fictícia cidade que deu base a criação da obra de Jorge Amado, adaptada para a televisão por Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn.  

Já em A Indomada repetiu o par romântico com Adriana Esteves, artista que começou sua carreira em novelas dividindo cena com José Mayer em “Meu Bem Meu Mal” (1990). Aliás, em várias obras de Aguinaldo, se repetiram parcerias com outros grandes atores como Betty Faria, José Wilker, Paulo Betti, Suzana Vieira, Christiane Torloni, Lilia Cabral, entre outros.

Em Império, novela que foi ao ar em 2014 e que volta em reprise especial a partir de abril de 2021, na Rede Globo, José Mayer interpreta Claudio Bolgari, um personagem que vive um complexo conflito quando resolve afirmar a sua homossexualidade. Empresário, casado, com filhos, Claudio se apaixona pelo jovem Leonardo (personagem de Klebber Toledo). A delicadeza de José Mayer na construção da personagem, possibilitou experienciarmos esta relação despertando o carinho e enorme respeito do telespectador.

Aguinaldo Silva conversa com a atualidade, com o cotidiano e com a realidade vivida de forma muito reveladora. O encontro do talento do menino escritor e o repertório do repórter policial talvez tenham constituído essa base solida que dá a Aguinaldo o título de um dos melhores autores da televisão brasileira.

Quando perguntado sobre esta parceria, José Mayer é enfático ao dizer que “Aguinaldo foi o autor com quem mais trabalhei na televisão; foram sete grandes sucessos e isso já seria suficiente para creditar a ele grande parte do reconhecimento artístico que obtive junto ao público. Mas, além disso, aproveito esta oportunidade para expressar minha mais profunda gratidão pela corajosa e veemente defesa que fez a meu favor diante dos fatos ocorridos em 2017, durante a última novela de que participei. Disso não vou me esquecer, jamais!”,